Neste texto você irá entender de maneira simples e didática o que são conceitos primitivos e a estrutura proposicional da linguagem. Verá como passamos da lógica para a epistemologia, e como podemos usar este conhecimento de forma prática em nosso dia a dia.
É comum vermos nos dias atuais muitos profissionais discutirem questões complexas e profundas, sem ao menos saberem filosofia, sendo assim, podemos presumir que não sabem muito sobre a verdade. Devido a tal desconhecimento, estas questões profundas ficam carentes de mão de obra, de serem trabalhadas, discutidas e abordadas.
Não havendo a filosofia para trabalhar questões como a verdade, a justiça, a linguagem, a ciência, ou qualquer outra área, a sociedade se torna cada vez mais carente de pensamento crítico e embasado. Neste meio, o senso comum passa a prevalecer, resultando num rápido empobrecimento de todos os ramos do conhecimento.
A verdade é sempre objetiva
Vejamos o motivo da verdade ser considerada uma questão objetiva. Nossa noção de verdade é baseada na seguinte estrutura:
P é verdade se e somente se P.
Ou seja, o enunciado: “O cachorro está no sofá” é verdadeiro se e somente se o “cachorro estiver no sofá”.
Perceba que o primeiro enunciado, em vermelho, é a representação linguística do fato. Já o segundo, em verde, representa sem mediação o fato. Esta é a noção de verdade que a linguagem usa, portanto, nossa linguagem é considerada proposicional. Ou seja, S é P.
Para entendermos o que S é P significa, imagine a seguinte caneta.
Podemos dizer: “esta caneta é verde se e somente se, esta caneta é verde”. Parece obvio, mas a caneta só pode ser verde se ela for realmente verde.
Isso é o que chamamos de conceito primitivo. Conceito pode ser definido como uma representação mental e linguística de um objeto concreto ou abstrato, ou seja, o conceito é expresso através das palavras, a fim de representar algum objeto. Ela representa, pois uma palavra não é o objeto em si, apenas representação simbólica. Sendo assim, conceito primitivo não é algo provado ou demonstrado, é considerado óbvio, adquirido a partir da intuição. Vimos isso quando estudamos geometria. O ponto é considerado conceito primitivo, e é usado para definir uma reta. Reta é considerada a união de dois pontos, mas não se sabe o que é ponto, não existe uma definição que o anteceda, ponto é ponto, e a partir dele se dá os desdobramentos. O conceito primitivo é uma intuição primitiva, básica, que dá fundamentação para algo, no caso da matemática é o ponto.
Assim como na geometria, na linguagem não é diferente, é necessário o conceito primitivo de verdade. A correspondência entre um enunciado e um fato é uma questão objetiva, independe da interpretação das pessoas. Por este motivo é considerado uma forma lógica, e não uma forma epistemológica. Portanto não se discute a verdade, se discute o conhecimento.
Até aqui falamos de lógica, mas o conhecimento entra quando alguém diz:
Isso é o que chamamos de conceito primitivo. Conceito pode ser definido como uma representação mental e linguística de um objeto concreto ou abstrato, ou seja, o conceito é expresso através das palavras, a fim de representar algum objeto. Ela representa, pois uma palavra não é o objeto em si, apenas representação simbólica. Sendo assim, conceito primitivo não é algo provado ou demonstrado, é considerado óbvio, adquirido a partir da intuição. Vimos isso quando estudamos geometria. O ponto é considerado conceito primitivo, e é usado para definir uma reta. Reta é considerada a união de dois pontos, mas não se sabe o que é ponto, não existe uma definição que o anteceda, ponto é ponto, e a partir dele se dá os desdobramentos. O conceito primitivo é uma intuição primitiva, básica, que dá fundamentação para algo, no caso da matemática é o ponto.
Assim como na geometria, na linguagem não é diferente, é necessário o conceito primitivo de verdade. A correspondência entre um enunciado e um fato é uma questão objetiva, independe da interpretação das pessoas. Por este motivo é considerado uma forma lógica, e não uma forma epistemológica. Portanto não se discute a verdade, se discute o conhecimento.
O conhecimento
Até aqui falamos de lógica, mas o conhecimento entra quando alguém diz:
— Eu sei que o cachorro está no sofá!
A forma lógica para identificar a verdade nós já possuímos, que é: “P é verdade se e somente se P”; mas agora precisa-se constatar se o cachorro está realmente ou não no sofá.
A partir do momento que dizemos saber que o cachorro está no sofá, ela deixa de ser uma questão objetiva, passando a ser subjetiva. É neste ponto que entra a dúvida, pois alguém pode fazer a seguinte indagação:
— Como você sabe que o cachorro realmente está no sofá?
Perceba que saímos do campo da lógica e entramos no campo da epistemologia, ou seja, entramos no campo de como se obteve aquele conhecimento. Neste sentido, não estamos duvidando da verdade, apenas do conhecimento e das justificativas.
Poderíamos dar outras justificativas para melhorar nosso conhecimento, como:
- Justificativa 1: “Eu sei que o cachorro está no sofá, pois fui lá e vi”
- Justificativa 2: “Eu sei que o cachorro está no sofá, pois para evitar que eu me confundisse, levei outras duas pessoas, elas afirmaram a mesma coisa.”.
Diminuímos drasticamente as chances de erro, distorção ou confusão. Para melhorar ainda mais poderíamos realizar um exame de DNA para constatar que o que está no sofá, realmente é um cachorro. Como pôde perceber, melhorando as justificativas de nossa crença, melhora-se nosso conhecimento. Platão já dizia que a verdade é uma crença verdadeira bem justificada. Ser cético, no fim das contas é duvidar do conhecimento, não da verdade.
Aplicação prática
Podemos aplicar este conhecimento para entendermos melhor o mundo. Peguemos como exemplo as fake News, elas não são uma mentira ou uma “falsa verdade”, ela é um conhecimento falso, fraco e pouco justificado.
Muitos abordam as fake News no âmbito jurídico e político, mas como percebeu, é um problema do âmbito do conhecimento, precisa-se de filosofia e da escola, pois lá é o local onde vamos para aprender com rigor e metodologia. Neste sentido, o maior problema em relação as fake News, deixa de fazer sentido quando abordado como tema central os meios jurídicos e políticos, pois como demonstrado, é uma questão epistemológica, por isso exige que seja abordado pelo conhecimento.
Quando observamos países escolarizados, percebemos que possuem menos problemas em relação à fake News, em comparação com países menos escolarizados. Podemos chegar à conclusão de que o problema além de não ser jurídico e político, também não é de falta de informação, pois no mundo atual o que mais tem é informação, o que falta é capacidade/ferramentas para saber distinguir se aquela informação é ou não conhecimento.
É central o papel da escola e da filosofia, pois dão ferramentas para que se possa discernir o conhecimento verdadeiro do falso, para isso é necessária uma escola coletiva, socializadora e crítica.
A filosofia e o conhecimento fazem com que deixemos de enxergar apenas as arvores, para vermos toda a floresta. Perceba como usamos os conhecimentos adquiridos aqui anteriormente e chegamos à raiz de um problema tão complexo atualmente, até propomos uma solução bem embasada. Agora estas ferramentas estão em suas mãos, basta usá-las.
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