No texto passado vimos a natureza das transações financeiras, agora iremos ver qual o seu papel, pois as transações não existem por acaso, elas suprem uma necessidade.
A função das finanças é basicamente antecipar uma transação, com a intenção de minimizar o tempo em que algum produto pode ficar em imobilização estéril. Este tempo estéril está localizado no intervalo entre a produção e a distribuição.
Agora
vamos discorrer sobre isso. O tempo de produção varia de produto a produto, um
clipe de papel, por exemplo, demora frações de segundos para ser produzido, a
soja leva meses, já um prédio, anos. Os produtos ficam à espera de duas
possibilidades, (a) precisam estar prontos, (b) precisam encontrar um
comprador.
Para
entendermos melhor, vamos imaginar uma situação hipotética, um mundo sem finanças.
Caso um empresário queira construir um prédio, ele necessitaria de uma grande
quantidade de capital para comprar o terreno, materiais, equipamentos, e
salário da mão de obra. Caso falte dinheiro em alguma etapa da construção, as
obras param. Ao finalizar o prédio, é necessário vendê-lo à vista, o comprador já
deverá possuir uma grande quantidade de dinheiro guardado. Outro problema seria
em produtos que necessitam ser estocados, pois seria necessário estoques
gigantescos, aumentando as chances de os produtos estragarem.
As
finanças, como já visto, cedem o crédito, ele é responsável por acelerar tudo.
Voltemos ao exemplo do prédio, agora iremos considerar as finanças. O empresário
só necessita de uma parte do dinheiro, para dar entrada em um financiamento. O
terreno não precisa ser comprado, pois é oferecido apartamentos em troca.
Conforme a construção avança, a planta é posta à venda, e as prestações dos
compradores são usadas para finalizar a obra. No fim, as pessoas vão estar
morando no local, sem ao menos terem terminado de pagá-lo por completo. Algumas
pessoas irão se arriscar, comprando alguns apartamentos no início, para mais
tarde venderem por um preço superior, ou até mesmo alugar o local.
As
finanças criam uma dissociação entre a produção/distribuição, e a movimentação
de valores. Podemos usar um esquema de giro de capital:
1) Capital
monetário
2) Meios
de produção + força de trabalho
3) Período
de produção
4) Capital
sobre forma de mercadoria
5) Período
de distribuição
6) Capital
monetário
Cada
etapa deste esquema é uma operação econômica. Vamos observar como acontece de maneira
dinâmica, se atente as transformações que o dinheiro sofre.
Primeiro
é necessário que alguém tenha um capital monetário (1), e com ele consiga um
meio de produção, que são as matérias primas com o local de trabalho, mais as
forças de trabalho, que são as pessoas (2). Só assim se dá início ao período de
produção (3), dando origem ao capital em forma de mercadoria (4). Passando
então pelo período de distribuição (5), sendo vendido e retornando novamente em
forma de capital (6).
A
primeira transformação é quando o dinheiro vira meio de produção e força de
trabalho. A segunda transformação é quando se torna a própria mercadoria, já a
terceira e última ocorre quando a mercadoria é novamente transformada em
dinheiro.
Enquanto a mercadoria ainda está em
processamento, pode ser utilizada como garantia, para obtenção de mais
financiamento. Que gerará mais meio de produção e força de trabalho, gerando mercadoria
em estoque. Estoque este que será usado como garantia para mais operações
financeiras.
Agora você já começa entender os mecanismos pelos quais nossa economia funciona. A cada texto caminhamos em direção a um entendimento mais amplo sobre a sociedade, este entendimento vai nos possibilitar entender que não existe uma separação entre política e economia, gerando de certa forma a economia-política.
Fonte: Para entender o mundo financeiro – Paul Singer.
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